Nas últimas semanas vários canais de comunicação tem apresentado a possibilidade sobre a semana de 4 dias de trabalho aqui no Brasil. Claro que essa ideia não surgiu do nada. Esse já é um modelo realizado em outros países e que tem mostrado bons resultados.
Países como Islândia, Nova Zelândia, Japão e Espanha já vem testando o novo modelo e gostaram dos resultados. Trabalhando apenas quatro dias na semana os funcionários se dedicam mais as suas reais funções e desempenham suas atividades com mais agilidade, sem enrolação. Isso melhora a qualidade tanto no trabalho, quanto na vida pessoal.
Grande parte das empresas, principalmente no Brasil, trabalha com carga horária de 44 horas semanais, distribuídas em horário diurno integral, que seria das 08h00min às 18h00min. Tirando o horário de almoço, que deve durar entre uma hora à uma hora e meia de descanso, o resto das horas devem ser trabalhadas.
Digo “devem” porque nem sempre é isso que acontece. Com uma carga horária tão extensa, sem tempo e flexibilidade para resolver outros problemas da vida pessoal, é difícil afirmar que esse colaborar conseguirá produzir o quanto deveria e até gostaria. Porque não é que a pessoa não deseja produzir, mas em determinadas situações a preocupação fala mais alto. Imagine você, trancado em uma empresa o dia inteiro, acordando cedo e dormindo tarde todos os dias, com questões para resolver no banco e sem tempo; com exames médicos adiados também por falta de tempo; com aquela conversa com a professora do seu filho adiada várias vezes por falta de tempo.
Olhando esses pontos a semana de 4 dias seria uma boa solução para esse tipo de problema, mas infelizmente no Brasil não são todos os setores que conseguiriam ser contemplados nessa modalidade. Existem setores, principalmente industriais que precisam de um funcionamento contínuo. Por isso, outras propostas vêm sendo analisadas, como por exemplo, a diminuição da carga horária, de 8 horas diárias para talvez 6.
Outros setores avaliam a possibilidade de trabalho híbrido. Nesse sistema o colaborador trabalharia uma semana no escritório e outra semana em home office. Empresas, principalmente do setor tecnológico e comunicação já vem aderindo essa modalidade e afirmam que tem dado bons resultados. Nesse mesmo ramo, existe a possibilidade de trabalho totalmente em sistema home office, que foi aderido por muitas empresas durante a pandemia. Mas isso exige uma maior confiabilidade do empregador com seu funcionário para que ele produza o necessário.
O maior problema nessas mudanças aqui no Brasil é a legislação trabalhista muito dura. Seguimos a mesma legislação a mais de 30 anos sem perceber que a realidade atual mudou. Vivemos outro cenário e nossa lei segue em retrocesso.
Trabalhar para receber por horas trabalhadas já ficou mais que comprovado que não dá tão certo. O funcionário não vai produzir assiduamente durante todas as horas de trabalho. Ele recebe por hora, não por produção. Tanto faz se ele produzir 1 ou 10, o importante é que ele estava ali, cumpriu o horário e por isso tem o direito de receber pelo horário cumprido. Seu salário não vai mudar porque gerou mais lucro para empresa, vai ser sempre o mesmo porque ele cumpriu sua carga horária, porque seu cartão ponto estava perfeito no final do mês.
Percebem que ambos saem perdendo? Não só a empresa, que acaba pagando pela “enrolação” de horas, mas também o funcionário, que não vê uma perspectiva de crescimento e reconhecimento pelo seu trabalho desenvolvido.