Os acontecimentos econômicos e financeiros do novo milênio chamaram a atenção do grande público para o papel do capital do banco.
O capital do banco, como já especificamos, faz parte do passivo do banco, pois é o capital de terceiros que foi integralizado para permitir o funcionamento do banco. O patrimônio líquido é igual a ativos menos passivos, quer estejamos falando do patrimônio líquido de um indivíduo ou de um banco.
No caso dos bancos, no entanto, o patrimônio líquido é referido como capital bancário ou capital próprio. (Dica importante: não confunda capital bancário e reservas de caixa. O capital aparece no lado do passivo do balanço, enquanto as reservas são um ativo.) reembolsar todos os passivos, capital é o que sobraria.
Podemos pensar no capital como a participação dos proprietários no banco. Como mencionado, os acontecimentos econômicos e financeiros das últimas décadas evidenciaram um fato: o capital do banco, além de ser o conjunto de recursos que lhe permite operar, também tem uma segunda e talvez mais importante função.
É o buffer que permite ao banco absorver flutuações no valor de seus ativos. Cada banco destina uma parte de suas receitas para compensar eventuais perdas nos empréstimos feitos. Mas quando essas perdas assumem dimensões significativas, pode acontecer que as reservas constituídas não sejam suficientes. E nesse caso deve ser o capital do banco para compensar as perdas.
A história recente do sistema bancário diz-nos que nem sempre este capital se mostrou adequado aos riscos assumidos, o que gerou primeiro uma fase de profunda instabilidade e posteriormente uma série de intervenções na regulação do setor.
Capital do banco: qual de fato é o papel?
O fato de o banco ser uma empresa comercial, e como tal deve oferecer um retorno adequado sobre o capital que foi pago: a rentabilidade do setor bancário é medida por uma série de indicadores, sendo o mais conhecido o retorno sobre os ativos ou ROA (relação entre lucros e ativos totais do banco), que mede a eficiência com que o banco utilizou os recursos financeiros à sua disposição.
Alternativamente, utiliza-se o ROE, que é a razão entre lucros e capital integralizado. O primeiro dos dois relatórios é uma medida de eficiência empresarial, enquanto o segundo é aquele que os acionistas do banco prestam mais atenção.
Uma terceira medida amplamente difundida de lucratividade é a margem líquida de juros, ou a diferença entre o total de juros pago pelo banco em sua captação e o total de juros que o banco recebe de seus clientes, e também de investimentos em títulos.
Esses índices nos ajudam a nos reconectar com o que foi dito anteriormente no que diz respeito à adequação de capital. De fato, devemos ter em mente que o capital do banco representa um custo e, portanto, deve ser remunerado, e isso contrasta com a necessidade de ter altos níveis de capital para compensar eventuais perdas.
Na crise financeira, o capital dos bancos americanos foi insuficiente para amortecer os riscos de mercado que surgiram. Dito de outra forma, os bancos estavam muito alavancados: tinham muitos ativos para cada unidade de capital, tornando-os vulneráveis ao risco de mercado.