O cenário do segmento de fundos de investimento mudou rápida e profundamente. Enquanto na parte final do segundo milênio o cenário era dominado primeiro por fundos mútuos abertos, e depois também por novos fundos de hedge, no terceiro milênio esses dois componentes viram sua importância drasticamente reduzida, em favor de uma nova categoria de ferramentas de gestão upstream: ETFs, ou Exchange Traded Funds.
Nesta seção tentaremos explicar a novidade constituída pelos ETFs em relação às outras duas categorias. Os fundos mútuos abertos, que se estabeleceram a partir de 1970, são veículos de gestão upstream das contribuições dos clientes, veículos que caracterizaram a sua gestão da seguinte forma: o gestor utiliza como referência um benchmark, ou índice de mercado, e o próprio gerente pretende fazer melhor do que esse benchmark, para vencê-lo.
Isso é chamado de gestão ativa: o gestor do fundo tem alguma (limitada) discrição para superar seu índice de referência, e é assim que as altas taxas de gestão que são cobradas dos clientes são justificadas. As estatísticas mostram, no entanto, que são muito poucos os casos em que o gestor do fundo conseguiu superar o seu benchmark.
Por exemplo, no caso dos fundos mútuos norte-americanos, mal alcança 10% de sucesso, o que significa que em nove em cada dez casos o fundo superou seu benchmark. Daí a reação dos investidores, que inicialmente se voltaram para os chamados hedge funds, que dão ao gestor uma margem de discricionariedade muito maior, de modo a permitir que o gestor persiga uma meta de retorno absoluta e não vinculada a um benchmark.
Devido a alguns graves prejuízos que afetaram fundos desse tipo, foram os mesmos gestores de hedge funds que optaram por estratégias de gestão mais moderadas, e mais vinculadas a um benchmark.
Essa escolha, conservadora, porém, reduziu (em muito) o apelo dos fundos de hedge. E aqui estamos com a segunda reação dos investidores: que passaram, de forma massiva, para instrumentos chamados ETFs, que abandonam qualquer tentação de gestão ativa, e se limitam a prometer a replicação exata de seu benchmark .
Disseminação dos ETFs
Esta é a verdadeira história do novo milênio, aquele que mudou a cara de todo o setor de gestão de ativos: a disseminação dos ETFs, que de fato assumiram um papel central, tendo ultrapassado os fundos mútuos tradicionais no novo milênio.
Isto também pelo fato de seus custos serem (muito) inferiores aos dos fundos tradicionais. Os ETFs existem há pouco mais de 20 anos e se tornaram extremamente populares. Em outubro de 2018, os ativos cresceram para mais de US$ 3,48 trilhões, de acordo com o Investment Company Institute (ICI), uma associação do setor.
Os ETFs são negociados como ações e são principalmente investimentos passivos que buscam replicar o desempenho de um determinado índice. Essa é a fonte de um de seus principais pontos fortes: fundos gerenciados passivamente tendem a ter custos mais baixos do que fundos gerenciados ativamente.
Os ETFs tendem a ter baixas despesas operacionais anuais. Alguns cobram apenas 0,03%. Essa é uma vantagem considerável em relação aos fundos gerenciados ativamente que cobram uma média de 0,72%, de acordo com a Morningstar. Os ETFs também são geralmente mais eficientes em termos fiscais porque tendem a não distribuir muitos ganhos de capital, pois o rastreamento de um índice geralmente não requer negociação.