Ontem (8) durante uma reunião virtual com representantes dos países da América do Sul, o Brasil assumiu a presidência do MERCOSUL por um período temporário de seis meses.
A função que até o momento estava delegada à Argentina, precisou ser repassada devido aos constantes desentendimentos entre Argentina e Uruguai. A principal causa de atritos é a falta de flexibilidade do país argentino em aceitar negociações com países que não fazem parte do grupo.
As reivindicações de todos os membros, exceto a Argentina, de poderem negociar acordos com outros países fora do MERCOSUL são antigas. Mas nesse momento, a crise parece estar suplicando por esta necessidade. Desde 1991, essa parece ser a pior crise vivenciada pelo Mercosul.
O Uruguai já cansado de bater de frente com a ideia declarou nessa quinta-feira diante de seus pares a decisão de assinar acordos comerciais fora do bloco, algo que é proibido por estatuto.
“O mundo não vai esperar por nós. Portanto, com tranquilidade, queremos dizer que o Uruguai está indo para lá. Tomara que sigamos todos juntos”, foi à mensagem de Lacalle Pou, presidente do Uruguai.
Não é apenas a “flexibilização” que divide os parceiros. O Brasil e também o Uruguai defendem ainda a redução drástica da Tarifa Externa Comum (TEC) que regula a entrada de produtos extrazona com uma taxa média de 14%.
A entrada do Brasil no comando temporário do Mercosul é uma expectativa de apoio do governo uruguaio para a flexibilização e modernização do bloco. O presidente Jair Bolsonaro afirmou o apoio do Brasil, que concorda em “flexibilizar” o Mercosul, mas sem fraturar a unidade. Admitiu ainda que não tem qualquer desavença com a Argentina (fora o futebol), e que este é o país de que o Brasil tem a maior facilidade de negociação comercial.
Bolsonaro frisou, porém, que a prioridade deveria ser “a revisão da tarifa externa comum e a flexibilidade para negociações comerciais com parceiros externos”.
“Não podemos deixar que o Mercosul continue a ser visto como sinônimo de ineficiência, de desperdício de oportunidades e de restrições comerciais”, disse. “A presidência temporária do Brasil, que começa nesta quinta-feira e termina no final de ano, terá como foco a modernização da agenda econômica.”